Estreou esta semana o documentário Seaspiracy: Pesca Insustentável, na Netflix, que, infelizmente, confirma o que tenho afirmado ao longo de vários anos. Estamos em guerra com os Oceanos e se não mudarmos estruturalmente os nossos hábitos de consumo e de voto perderemos esta luta em muito pouco tempo.

Neste documentário, duro, mas realista, são abordados temas como a exploração laboral e o crime organizado no sector, a captura ilegal, a caça, a pesca indiscriminada e excessiva de médias e grandes embarcações, a falsa certificação, a insustentabilidade da aquicultura e, entre outros temas, a poluição gerada pelo sector pesqueiro.

É certo que a indústria pesqueira já fez conhecer a sua posição contrária aos factos apresentados, e suportados por inúmeras organizações não-governamentais ambientalistas, mas em boa verdade este sector tem sido poupado de uma análise criteriosa dos seus reais impactos sociais, económicos e, sobretudo, ambientais.

E, como relator-sombra dos Verdes/Aliança Livre Europeia, na Comissão de Pescas, no Parlamento Europeu, do Fundo Europeu de Assuntos Marinhos, Pescas e Aquicultura (FEAMPA), presenciei o lobby da grande indústria piscatória na tomada de posições, sobretudo nas três grandes famílias políticas europeias: os Liberais, os Socialistas e os Sociais Democratas. E, pela minha experiência, não são argumentos científicos nem documentários, por mais rigorosos que sejam, que irão mudar a sensibilidade destes grupos. Para mim, será o voto de cada pessoa numa alternativa ecologista.

A influência da tomada de decisões a nível do Parlamento Europeu é directamente influenciada pelo número de deputados eleitos em cada bancada parlamentar e enquanto não tivermos uma maioria verde falharemos na protecção dos ecossistemas que nos sustêm.

Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado 

Siga a Nova Gente no Instagram