Nacional
Xana Abreu

Revela passado dramático: abandonada pelo pai e a relação difícil com a mãe

Dom, 28/02/2021 - 11:55

Xana Abreu, conhecida pela personagem Xana Toc Toc, foi a protagonista do programa da SIC, "Alta Definição", no qual abordou a sua infância difícil. A artista revelou que cresceu sem pai e descreveu o amar "muito próprio" da mãe.

Xana Abreu foi a mais recente convidada de Daniel Oliveira no programa "Alta Definição" da SIC, emitido este sábado, 27 de fevereiro. Mais conhecida por "Xana Toc Toc" - personagem músical que faz as delícias do público infantil - a artista abriu o coração ao apresentador e falou sobre a infância marcada pela ausência do pai, a relação conturbada com a mãe, da adolescência onde se sentia "aprisionada" pela mãe, da dura batalha contra o cancro e do final do projeto Xana Toc Toc

 

A infância sem o pai


"Quando era pequenina diziam que eu era pessoa muito sociável, mas muito carente. Vem da infância. O meu pai foi-se embora tinha eu um ano. De certa forma senti-me responsável pela separação dos meus pais. Sempre soube que não era uma criança bem-vinda para o meu pai.  Quando nasci ele foi embora. É difícil uma criança saber disto. Sempre me fez muita falta", recorda. 

"Aos seis anos apareceu e desapareceu, no mesmo dia. Lembro-me de chorar baba e ranho. Lembro-me das lágrimas que deitei nas escadas do meu prédio. Queria ir a correr atrás do meu pai, sabia que ele ia embora para sempre", lamenta. Mais tarde, o pai de Xana Abreu voltou. "Aos 17 anos apareceu outra vez, mas eu tive a decisão de não o voltar a ver. Já não era pai, era uma pessoa estranha. Preferi não ter mais contacto com ele." "Desconheço o paradeiro, acho que ele já não está vivo", adianta. 

 

A relação conturbada com a mãe marcada por violência física e psicológica

 

Apesar de viver apenas com a progenitora e com o irmão mais velho, Xana considera que a mãe a culpava pela ausência do pai. “Era um amar dela, muito próprio.”  

“Agora que a minha mãe partiu, percebo coisas que não percebia antes. Percebo o amor todo que ela tinha por mim, mas na altura ela tirava-me a liberdade. Liberdade de expressão, de sair à rua. Nunca podia sair, sentia-me prisioneira da minha mãe. Sentia que ela não me queria ver feliz”.“A minha mãe era uma pessoa muito nervosa. Batia-me bastante. A minha família não sabe. Por qualquer coisinha. Eram nervos à flor da pele. Descarregava em mim. Mas pior era a psíquica. Fica marcada para sempre. Tinha um jeito de amar que me tirava toda a liberdade, fazia de mim prisioneira dela.”

 

A gravidez durante o esgotamento

 

Marcada por uma infância pouco estável, já na universidade, Xana começou a ter ataques de pânico. "Passei, talvez por acumulação, por um esgotamento nervoso muito profundo." "Procurei um psiquiatra na altura, estava no fundo do poço. Vivia com a minha mãe, mas o namorado da altura, que é o meu atual marido, levou-me para casa dele, com os pais dele. Foi difícil para mim. Estava apática, não tinha força", relembra. 

Durante esse período, a artista descobriu que estava grávida e que sempre teve o sonho de ser mãe. "Desde os 12 anos dizia que ia ser mãe de oito filhos", conta. "Quando tinha brigas com a minha mãe, dizia-lhe: estás-me a ensinar muita coisa, vou fazer tudo aquilo que não fazes comigo, vou dizer tudo o que não me dizes (...) Quando lhe contei ficou em lágrimas. Abraçou-me."

"O meu psiquiatra na altura disse: nem pensar, não podes ter este filho. Tinha que fazer um desmame [da medicação]. Cheguei a casa e pus os medicamentos todos de lado", explica. "Tive uma gravidez muito difícil, no meio de um esgotamento e depressão profunda. Tinha medo que a minha filha nascesse nervosa." 

Mas não foi o que aconteceu. "A minha filha nasceu o bebé mais calmo do mundo. Nunca fez uma birra.” "Salvou-me. Quando vi aquele bebé, aquela coisinha, pensei: estou parva? Estou aqui com esta depressão? (...) Percebi que auela extensão de mim própria era o amor na sua essência. O meu amor é grande por causa dela.” 

A filha de Xana chama-se Marta Peneda, é atriz e tem 23 anos.  

“Tive uma vida muito dura quando era mais nova. E sou uma pessoa extremamente frágil. Não sou uma pessoa forte”, confessa. 

Texto: Joana Dantas Rebelo, Fotos: SIC  

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