É atriz, modelo, escritora e ginoterapeuta. Chegou de armas e bagagens a Portugal, em fevereiro do ano passado, sem nada definido a nível profissional, mas intuitivamente sabia que era aqui que devia estar e começar uma nova etapa da sua vida. E quatro meses depois de cá chegar, vestia a pele de Chiquinha na novela da TVI Cacau. Bruna nasceu no Brasil, mas já viveu no México, na Índia e nos Estados Unidos. Após sofrer uma perda gestacional e terminar o seu casamento, decidiu que Lisboa ia ser a sua casa, já que tem ligações familiares ao nosso país. Apesar da solidão, que às vezes a apanha, não há arrependimentos, e espera encontrar um companheiro que “tenha dentro dele esse movimento” e sede de Mundo.

Chegou sem nada definido, apenas com a certeza de que era aqui que queria viver… Um pouco louco, não?

É verdade. Vim sem nenhum projeto fechado, sem trabalho certo. Já conhecia o meu agente, Rodrigo Nabarros, já tinha falado com ele que estava a pensar mudar-me para Portugal, e tinha muito certo dentro de mim que ia chegar e as coisas iam acontecer. Além de ser atriz, trabalho também como modelo há vários anos. Então sabia que, pelo menos, ia conseguir trabalho nessa área. E a verdade é que aconteceu tudo muito rápido. Assim que cheguei, na primeira segunda-feira, fui logo fazer um casting na TVI. E, enquanto as gravações da novela não arrancavam, fui fazendo campanhas publicitárias, e fiz várias.

Mas porquê Portugal?

Quando o meu casamento acabou, decidi que ia voltar a viver fora do Brasil. Já tinha morado noutros países. Tinha a possibilidade de voltar a morar no México, país onde morei mais vezes, ou experimentar algo novo. E como tenho ancestralidade portuguesa, por parte do meu bisavô, pensei: vou para o México enquanto espero pela cidadania portuguesa sair, e assim vou já com tudo tratado. Mas entretanto chegou a pandemia. O meu visto de trabalho do México atrasou e então decidi vir direto para Portugal.

O seu bisavô ainda é vivo?

Não. Ele foi para o Brasil quando tinha 25 anos e morreu aos 35. Mas ando na pesquisa sobre essa parte da família, de onde são. Tenho família em Coimbra e no Porto. Escrevemo-nos nas redes sociais, trocamos mensagens. Acho que estivemos juntos só umas duas vezes. E agora quero ir à Serra da Estrela, de onde o meu bisavô era natural.

O facto de ter cá família torna a mudança mais acolhedora?

Não, porque eles estão noutras cidades. O meu agente é muito a minha família aqui. Hoje em dia, há uma comunidade brasileira muito grande com quem acabo por ter contacto também.

Sente-se sozinha?

Quando vim, não tinha amigos cá. Senti-me muito sozinha, sim. Estava habituada, até pela minha carreira de modelo, a ter amigos perto, partilhar até casa com alguns, como aconteceu no México e em Miami. Então, não tinha esse espaço da solidão que me apanhou muito aqui. Cheguei no inverno, fui morar com a amiga de uma amiga, que mora no Japão, e ela foi a minha companhia no início. Mas foi um início bem solitário. Agora, já conheço mais pessoas, mas ainda sinto que aqui tem um espaço de solitude grande. Noto que as pessoas aqui estão a correr atrás da sua vida, a trabalhar muito, a fazer acontecer, e acabam por ter menos espaço para esse lazer, esses encontros que para mim são tão importantes. Eu sou pessoa de encontros, de conversa olho no olho, de contacto, de relações. Sinto muita falta dos amigos aqui.

Leia a entrevista completa na edição da NOVA GENTE que já está nas bancas.

Texto: Inês Neves; Fotos: Helena Morais e redes sociais; Maquilhagem e cabelos: All About Makeup; Produção: Zita Lopes

Agradecimentos: York House Hotel Lisboa (yorkhouselisboa.com), Parfois, Seaside, She by Jlo e United Colors of Benetton

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